MP não acredita em IPM e pede novas investigações

A pedido do Ministério Público, a Delegacia de Homicídios retomou, esta semana, as investigações para apurar o assassinato de Muriah Simião Santos, 32 anos e Rodrigo Soares Marques Schimidt, 21. Eles foram mortos no ano ado pelos policiais militares Marcelo Frank Siqueira, 31, e Vanderlei Camargo Deogado, 30, que afirmaram ter agido em legítima defesa. Um inquérito policial militar (IPM) foi instaurado e os dois PMs inocentados, porém a decisão não convenceu a promotoria pública, que pediu a reabertura do caso.

O crime aconteceu por volta das 19h50 do dia 12 de agosto de 2003. De acordo com a versão oficial da Polícia Militar, os soldados lotados no Regimento da Polícia Montada (RPMont) estavam em patrulhamento pela Rua XV de Novembro, com a viatura 5095, quando suspeitaram dos ocupantes da motocicleta Honda CB 450, placa LYH-0587. Na tentativa de abordagem, a dupla teria fugido e os PMs dado início à perseguição e suposta troca de tiros. Na esquina das Ruas Fernando Amaro com Padre Germano Mayer, no Cristo Rei, os motoqueiros não obedeceram à preferencial e colidiram contra o Renault Clio ARK-9126. O carro capotou e a motocicleta caiu sobre o meio-fio. Muriah e Rodrigo foram arremessados a alguns metros de distância e os policiais militares pararam para realizar a prisão. A partir desse momento é que houve contradição nas versões dadas pelos policiais e pelas testemunhas.

Versões

De acordo com os soldados, houve nova resistência dos suspeitos que teriam atirado contra eles que, no revide, balearam Muriah e Rodrigo. Os dois chegaram a ser levados ao Hospital Cajuru, na própria viatura, mas chegaram mortos. Porém, uma testemunha que estava ando pelo local e depois do acidente desceu do carro para prestar socorro, contou que um PM colocou o joelho sobre o peito de um dos homens caídos e ao invés de algemá-lo, sacou a arma, e deu dois tiros. Em seguida o outro soldado disparou mais duas vezes. Os policiais então teriam ido atrás do outro, no mato, onde o executaram. Em um e-mail enviado na época à redação da Tribuna, uma segunda testemunha confirmou a versão de execução. “Vi quando os dois homens foram atropelados com a moto e pediram por socorro. Um dos policiais ou revista nos rapazes, que estavam caídos e imóveis no chão. Depois de ter feito isso, tendo chance para tirar as supostas armas, foi que o policial levantou e deu voz de comando, avisando que um dos motoqueiros estava armado (se é que ele estava armado). Ao invés de tê-lo rendido e retirado a arma, três soldados da policia alvejaram o rapaz caído, sem dar chance a ele de sobreviver. Foi quando um outro policial, sem ter parado para desarmar o outro homem (se é que ele também estava armado), começou a atirar no segundo ocupante da moto, descarregando o tambor. Uns cinco minutos depois deste ocorrido, eu cheguei mais próximo dos corpos caídos e constatei que eles já estavam mortos, sem a menor chance de receberem socorro; foi aí que a polícia resolveu remover os cadáveres”, informou a testemunha.

Investigação

Logo após o fato, a Polícia Militar instaurou um IPM e os soldados foram inocentados. O caso ficou parado por meses na Promotoria do Ministério Público, que não se convenceu da decisão tomada. Esta semana o inquérito foi reado à Delegacia de Homicídios, que ficou incumbida de reabri-lo. De acordo com o delegado Átila da Rold Roesler, responsável pelas investigações, algumas testemunhas já começaram a ser ouvidas, porém os depoimentos estão sendo mantidos em sigilo. O delegado está estudando a possibilidade de fazer uma reconstituição do crime para auxiliar nas investigações.

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