Presos funcionários da Junta Comercial

O ime que se arrastou pelo ano de 2004, quanto ao funcionamento de casas de bingos no Paraná, voltou à tona ontem, com a prisão temporária por cinco dias (com possibilidade de prorrogação) de sete pessoas ligadas à Junta Comercial do Paraná e ao extinto Bingo Village Batel. Funcionários da Junta são suspeitos de, em 2004, receberem suborno para adulterar contratos do Village e com isso colaborar para a conquista de liminar favorável ao funcionamento da casa de jogo.

De acordo com o delegado Sérgio Sirino, coordenador do Nurce, as investigações começaram naquele ano, quando a Procuradoria Geral do Estado (PGE) percebeu que havia irregularidades na Junta, que julga, avalia e fiscaliza alterações de contratos. A suspeita aconteceu quando o Village Batel conseguiu no Tribunal Regional Federal (TRF) da 4.ª região, em Porto Alegre, liminar para abrir o bingo no Paraná, mesmo com um pedido de alteração contratual à espera de análise na PGE. A análise da procuradoria teria que ser feita antes de chegar no TRF. Mediante a irregularidade, a Junta Comercial também abriu sindicância interna e pediu auxílio ao Nurce.

Esquema

Os policiais descobriram que o Village Batel protocolou na Junta um pedido de alteração no contrato para conter na razão social o termo ?bingo? e também para funcionar como uma espécie de filial do Bingo Monte Carlo. ?O Bingo Monte Carlo já tinha liminar pela Justiça de São Paulo porque sua sede era lá. O Village pediu alteração no contrato para ter o mesmo endereço e com isso também conseguir a liminar e poder funcionar no Paraná?, explicou o delegado.

Sabendo que o funcionamento de bingo era uma atividade proibida no Paraná, a Junta enviou o pedido de alteração de contrato para a PGE, que certamente vetaria o pedido.

Dois dias depois, sabendo que provavelmente teriam resposta negativa da PGE, os proprietários do Village entraram com um segundo pedido na Junta e, desta vez, o trâmite que demoraria dias foi resolvido em menos de três horas. Outros funcionários da Junta teriam recebido R$ 10 mil para alterar o contrato e entregá-lo aos proprietários sem ar pelo crivo do PGE. O documento foi entregue nas mãos dos proprietários do Village, que encaminharam ao TRF da 4.ª região, e conseguiram a liminar. O que causou estranheza foi justamente o fato do primeiro pedido ainda estar sendo analisado quando o segundo foi rapidamente aceito. Segundo a polícia, esta é apenas a primeira ação policial de várias investigações que envolvem o esquema. Essa operação foi batizada de Jogo Rápido. 

Sócios do bingo também estão detidos

Na operação, deflagrada na manhã de ontem, em Curitiba, foram presos o assessor do plenário da Junta, João Luiz dos Santos, 41 anos; o assistente da coordenadoria regional de Comércio, Marcus Antônio Cury, 45; os sócios do Village Batel, Celso Luiz Lanzoni, 55; Arthur José Nunes Lanzoni, 30; e Luiz Antônio Scarpin, 55; além de Ricardo Fontana Scarpim, 39; e o contador Ericson Macedo Gaio, 36. Todas as prisões foram embasadas nos mandados de prisão temporária expedidos pelo juiz Pedro Sanson Corat, da Vara de Inquérito Policial.

O assessor João Luiz dos Santos, responsável na época por fazer uma pré-análise dos pedidos e documentações na Junta, teria sido o responsável por um parecer convencendo o vogal (responsável pela autorização formal) a a alteração. Marcus Cury também é suspeito de ter ajudado a agilizar o documento dentro da Junta. Os dois são acusados de tráfico de influência.

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