Processo contra advogado

Miguel Siqueira Donha foi seqüestrado e morto na noite de 22 de janeiro de 2000. Ele era diretor da Corretora de Seguros Banestado e fazia oposição política ao prefeito de Almirante Tamandaré, cidade onde residia com a família, em uma chácara. Na noite do crime, dois homens – um deles era Edson Farias – seqüestraram Donha e a esposa, Yara. Farias sentou no banco da frente do carro com Donha e o segundo homem foi para o banco de trás com Yara. Depois de rodar por algum tempo, os bandidos decidiram abandonar Yara na estrada e chegaram a dar dois reais para que ela pegasse um ônibus. Yara contou que ela e o marido ofereceram jóias e dinheiro para a dupla, mas somente o relógio de pulso de Donha foi roubado. Depois de balear Donha no joelho, os bandidos o deixaram na estrada para Rio Branco do Sul e levaram o carro, que posteriormente foi queimado. A vítima morreu devido à forte hemorragia na artéria femural.

Ontem, o advogado Amadeu Geara apontou omissões no inquérito policial. Segundo ele, havia indícios de crime político, mas a Delegacia de Homicídios tratou o caso como latrocínio. “O Edson contou que depois de seqüestrar o casal telefonou para o `Tico Pompílio’. Ficou registrado no inquérito que o crime seria encomendado por Pompílio para roubar o toca-fitas do carro – que nem chegou a ser retirado: foi queimado junto com o veículo”, disse Geara.

Além disso, lembrou o advogado, os dois bandidos não levaram nada do que o casal oferecia, como as jóias de Yara e dinheiro. Geara comentou também que a polícia sabia que “Tico Pompílio” era funcionário da Prefeitura de Tamandaré, onde Alzemir Manfron, irmão do prefeito, trabalhava como assessor de comunicação. “O Edson se assustou quando soube que o Donha tinha morrido. Ele confessou que tinha sido contratado só para dar um susto nele, como intimidação política”, lembrou.

Versão

O delegado Fauze Salmen, que na época era titular da DH, rebateu as acusações de Geara. Salmen, que atualmente está na Delegacia de Ordem Social, deu a seguinte declaração: “O momento usado pelo sr. Amadeu Geara para falar deste crime visa benefícios políticos. Se o inquérito não teve total êxito, como ele afirma, foi porque ele próprio escondeu, na época, o autor do crime, e o apresentou à PIC em vez de encaminhá-lo para a Delegacia de Homicídios. Ele atrapalhou as investigações”.

Por outro lado, o advogado Valdemar Reinert afirmou ontem que vai processar Amadeu Geara pelas declarações dadas à reportagem da Tribuna, publicadas ontem, citando o prefeito César Manfron e o irmão dele, Alzemir, como prováveis envolvidos no caso Donha e na quadrilha de Tamandaré. Reinert, que é advogado de César Manfron, disse que Geara “será interpelado judicialmente” para explicar e mostrar provas das acusações. “Esse tipo de denúncia aparece em época eleitoral. Trata-se de exploração política. Vamos ingressar com ação indenizatória e o sr. Geara será judicialmente interpelado”, declarou.

Luís Alberto Gonçalves, advogado de Alzemir João de Barros, o Alzemir Manfron, afirmou que também irá tomar providências sobre o caso. “Vou esperar para ver que tipo de provas os acusadores vão apresentar, mas acredito que tudo isso não a mais uma vez de uma trama política”, disse Gonçalves, salientando estranhar bastante que o caso Donha venha a tona mais uma vez num momento que antecede uma eleição. “Meu cliente mora em Antonina há muitos anos e não teve nenhuma participação nisso nem no caso das mortes de mulheres de Almirante Tamandaré”, explicou o defensor, lembrando que por ser ex-policial civil Alzemir chegou a ter prisão teporária solicitada pela delegada Vanessa Alice, que investigava a morte de várias mulheres naquela região.

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