Pessoas de baixa renda estão mais sujeitas ao tracoma

O tracoma, uma doença oftalmológica crônica, de causa infecciosa, que compromete a córnea e a conjuntiva, levando à fotofobia, dor e lacrimejamento, é a segunda causa de cegueira em todo o mundo. No Brasil, houve um declínio acentuado da prevalência do tracoma, principalmente nas regiões mais desenvolvidas, como o sudeste. No entanto, mesmo nas regiões metropolitanas das grandes cidades ainda há casos da doença, e os principais fatores de

risco seriam pertencer ao estrato social de menor poder aquisitivo, hospedar pessoas originárias de área endêmica e a existência com outro caso na família. Isso é o que mostra um estudo realizado por pesquisadores de universidades de Santo Amaro e São Paulo. O estudo teve como objetivo identificar os fatores associados ao tracoma entre escolares e pré-escolares residentes em comunidades de baixa renda de diversos municípios, e servem de parâmetros para outras cidades brasileiras.

Participaram do estudo mais de oito mil alunos matriculados em pré-escolas e escolas públicas de ensino fundamental e médio. De acordo com artigo publicado nos Cadernos de Saúde Pública, foram identificados 150 casos de tracoma nas escolas selecionadas. A idade dos escolares que participaram deste estudo variou de 4 a 18 anos, com mediana de 10 anos, com discreto predomínio do sexo masculino.

Higiene do rosto

Os pesquisadores observaram que a maioria das crianças com tracoma pertencia a estratos socioeconômicos de menor renda e de baixa escolaridade. Segundo eles, a higiene do rosto com freqüência igual ou maior a três vezes ao dia se mostrou um fator protetor. De acordo com o estudo, condições inadequadas de higiene favorecem a transmissão da C. trachomatis. Essa contaminação se dá por meio do contato com secreções. A observação foi realizada em dois momentos, em um intervalo de seis anos, e verificou que crianças que apresentaram higiene inadequada da face na primeira observação e adequada no acompanhamento mostraram menor probabilidade de apresentar tracoma intenso do que aquelas com higiene inadequada nos dois momentos do estudo.

Dessa forma, a equipe de pesquisadores sugere a inclusão de treinamento de professores de pré-escola e do ensino básico na estratégia de controle do tracoma, com a finalidade de desenvolver atividades educativas visando à incorporação, pelas crianças, de hábitos rotineiros de higiene facial, focalizando principalmente menores de dez anos. Outra conclusão do estudo é de que é importante estabelecer, como rotina da rede básica de serviços, o tratamento com antibióticos de todos os casos com evidência clínica de tracoma ativo, ?assim como de seus familiares e contatos domiciliares?, destacam os especialistas no artigo.

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