Nos primórdios da ciência política está gravada a necessidade social de sua aplicação. A natureza da sociedade assim o exige. A este respeito, já vimos, nestes artigos, os pareceres convincentes de Emílio Durkheim, Jean Meynaud e Maurice Duverger, autores ses de renome.
Agora, em anuência ao que, aqui, afirmamos, vejamos o que escreveu, em alguns trechos de suas obras imperecíveis, o autor Eberhard Welty; ao referir-se à política, assim se expressou: ?A palavra política deriva do vocábulo grego polis, que originariamente significava a cidade autônoma: Atenas, Esparta, Corinto?. E segue: ?A cidade era autárquica, tinha tudo o que era necessário à vida humana: autonomia no aspecto jurídico, econômico e cultural. Através da pluralidade de suas famílias, dos subúrbios (artesanato e indústrias) e de variadas instituições, e graças às medidas de segurança contra os inimigos (fortificações e exército), os cidadãos podiam e deviam gozar da eudaimonia, de uma vida tranqüila e feliz na plenitude dos valores humanos. Por isso, polis significa sociedade perfeita, ou, a mais perfeita?.
E prossegue o magnífico autor: ?Entre os gregos, tinha a primazia a preocupação educativa, como reguladora da vida?, asserção clara e objetiva quanto aos desígnios práticos da ciência política.
Não se quer dizer, em nenhum caso, que esta ciência, vista deste ângulo, não tenha sido levada em conta pelos politicólogos e professores, no afã de produzir e difundir o conhecimento científico; os autores citados nestas explanações se constituem em dignos exemplos das realizações da ciência aplicada. Entretanto, se reconhece, também, que uma multidão de acontecimentos verificados na sociedade, nestes tempos, maculam as expectativas da plenitude de vida dos cidadãos, possibilitadas pela prática política divisada, sabiamente, pela polis.
Pedro Henrique Osório é professor universitário
