Foram inúmeros os convites para festas, mas Bong Joon-ho – o cineasta sul-coreano que fez história no Oscar, domingo, 9, ao faturar quatro estatuetas, entre elas a de melhor filme do ano com Parasita, fato inédito por ser um longa não falado em inglês – sabia para onde iria, já na madrugada de segunda-feira: na celebração promovida por Tom Quinn, o chefão da Neon, a distribuidora de Parasita nos Estados Unidos. “Essa noite foi inacreditável”, disse o diretor a uma seleta plateia, que o aplaudiu de pé.
O gesto, aliás, já se repetira ao longo da noite, seja no palco do Dolby Theatre, onde Joon-ho subiu por quatro vezes, até na sala de imprensa, onde foi ovacionado. Era, de fato, um momento histórico nas 92 edições do Oscar e todos naquela festa estavam cientes disso. “Esta noite, colocamos a indústria em xeque”, disse Quinn aos convidados, segundo relato divulgado pelo jornal Washington Post.

De fato, o mundo cinematográfico americano vive um momento particular – em 2019, as bilheterias no exterior atingiram a estonteante cifra de US$ 31 bilhões, um recorde, quase duas vezes e meia a quantia arrecadada em território americano. Por outro lado, ainda segundo o Post, as produções estrangeiras fizeram pouco barulho no mercado americano. Nos últimos anos, o filme que mais chamou atenção foi Amor (2012), de Michael Haneke, que arrecadou US$ 7 milhões nos Estados Unidos. Enquanto isso, Parasita já faturou US$ 36 milhões em território americano, o que deverá aumentar consideravelmente depois das conquistas no Oscar.

Há um consenso agora que a indústria americana não apenas dá as cartas no jogo mundial do cinema, mas também está aberta a ouvir o que vem de fora. Claro que não em uma proporção ameaçadora à sua hegemonia, mas algo muito mais eclético do que se via há alguns anos.

E o movimento começou internamente, como comprova o esquema de promoção para o Oscar, adotado pelos produtores coreanos e distribuidores internacionais. Ao contrário de seguir a cartilha tradicional (promover sessões especiais para os votantes da Academia, nos Estados Unidos e em algumas cidades da Europa), eles iniciaram a estratégia em maio do ano ado, quando Parasita foi selecionado para o Festival de Cannes. Iniciou-se ali a “estratégia Twitter”, ou seja, um esquema promocional via redes sociais que buscava atingir a chamada base: os espectadores comuns.

A conquista da Palma de Ouro deu novo ânimo à campanha, que continuou nos meses seguintes, à medida que o filme estreava em diversos países, principalmente nos Estados Unidos. O plano de ação, então, se diversificou, com as redes sociais bombando os eleitores mais jovens da Academia (assim como da mídia digital) enquanto o esquema antigo, o de exibições especiais sistemáticas, era utilizado para atrair o eleitor da Academia menos afeito à internet.

“Você precisa do filme certo, no momento certo”, disse ao Post o executivo de uma empresa rival que falou sob condição de anonimato, lembrando que Parasita é um filme disruptivo, com uma trama aceitável em qualquer sociedade. “Alguém agora duvida que esses campeões online desempenharam um grande papel nesta vitória"M627.409,331.563L512.604,306.07c-44.69-9.925-79.6-46.024-89.196-92.239L398.754,95.11l-24.652,118.721 c-9.597,46.215-44.506,82.314-89.197,92.239l-114.805,25.493l114.805,25.494c44.691,9.924,79.601,46.024,89.197,92.238 l24.652,118.722l24.653-118.722c9.597-46.214,44.506-82.314,89.196-92.238L627.409,331.563z"/>