Polêmica

Projeto quer restringir eventos barulhentos no centro de Curitiba

Imagem mostra carro fazendo manobras na avenida Cândidto de Abreu e centenas de pessoas em uma arquibancada assistindo
Evento da Red Bull levou milharews para as ruas, mas irritou muitos vizinhos. Foto: Átila Alberti / tribuna do Paraná

O vereador Eder Borges (PL) apresentou um projeto de lei na Câmara Municipal de Curitiba (CMC) que visa proibir a realização de eventos em espaços públicos externos na região central da cidade. A medida visa garantir o sossego dos moradores, com atenção especial a pessoas com Transtorno do Espectro Autista (TEA), bebês, idosos e animais de estimação.

De acordo com o texto, eventos de qualquer natureza que envolvam propagação sonora ou perturbação do ambiente serão proibidos em áreas do Zoneamento Central de Curitiba que concentrem residências e estabelecimentos comerciais (005.00180.2025).

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Em casos excepcionais, será permitido realizar eventos com som na área central apenas se houver necessidade comprovada e se o local escolhido não tiver a “conjugação de residências e comércios”, desde que haja espaço público disponível para tal finalidade. 

A proposta se apoia na Lei de Contravenções Penais, que, em seu artigo 42, prevê punições para quem perturbar o trabalho ou o sossego alheio. Entre as condutas mencionadas estão a gritaria ou algazarra e o uso abusivo de instrumentos sonoros ou sinais acústicos — ações que, segundo o parlamentar, são recorrentes em eventos públicos realizados na região central, a exemplo do pré-carnaval. 

“Assim como o Código de Posturas de Curitiba e outras leis municipais que disciplinam o ordenamento para o funcionamento e realização de eventos, bem como a garantia do sossego alheio, deve-se considerar também as legislações das esferas federal e estadual quanto à proteção e ao cumprimento dos direitos das pessoas autistas, bebês, idosos e animais de estimação”, complementa Borges. 

A presidente do Conseg Centro Cívico, Valéria Prochmann, recebeu com bons olhos o projeto de lei. “É um o importante para assegurar o direito dos munícipes ao sossego, em ambientes residenciais e comerciais”, afirma.

Moradores do Centro Cívico são afetados por eventos ruidosos, que perturbam a paz dos lares, o comércio e as atividades profissionais em consultórios médicos, odontológicos, de psicologia e fisioterapia, além dos serviços públicos.

Para ela, o projeto de lei deve abranger todos os tipos de eventos, independentemente da natureza. As manifestações também deveriam observar limites sonoros, pois o ruído afeta a saúde, o meio ambiente e a ordem pública. “No recente evento da Red Bull, por exemplo, o shopping do bairro foi invadido por mais de 30 mil pessoas e precisou fechar a entrada principal, as joalherias e as lojas de celulares. Telhados de lojas foram pisoteados, assim como coberturas de pontos de ônibus e muros de condomínios”.

A lei entra em vigor quando?

Protocolado em fevereiro, o texto ainda está na fase inicial de tramitação na Câmara de Curitiba e aguarda a análise técnica da Procuradoria Jurídica (Projuris). Se chegar até à votação em plenário, for aprovada e sancionada, a nova lei entrará em vigor na data de sua publicação no Diário Oficial do Município.

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Esta não é a primeira vez que uma proposta sobre o tema tramita na CMC. Em 2015, o ex-vereador Chicarelli apresentou iniciativa semelhante, que foi arquivada (005.00211.2015). Em 2018, outro projeto de autoria de diversos vereadores também teve o mesmo destino (002.00014.2018). Já o vereador Pier Petruzziello (PP) apresentou o tema em 2019 (005.00248.2019) e novamente em 2022. Este último ainda está em tramitação (005.00133.2022) e aguarda a votação em primeiro turno.

Clique na imagem abaixo para entender como é a tramitação de um projeto de lei na CMC.

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