Em razão das medidas protecionistas adotadas pela Argentina e da retração do comércio, as exportações brasileiras para o país vizinho caíram 42,5% no primeiro semestre de 2009 na comparação com o mesmo período de 2008. Também houve o registro, no semestre, de um déficit comercial da balança brasileira com a Argentina de US$ 48 milhões, o primeiro déficit para o período desde 2003, quando a balança bilateral foi deficitária para o Brasil em US$ 500 milhões.
Segundo o secretário de Comércio Exterior do Ministério do Desenvolvimento, Indústria e Comércio Exterior, Welber Barral, a colocação de barreiras comerciais pela Argentina é preocupante. Em um grupo de cinco setores selecionados pelo ministério, as exportações tiveram queda de 40% em relação ao primeiro semestre de 2008. Os setores são têxteis, calçados, eletrodomésticos da linha branca, móveis e embreagens, que sofrem restrições para a entrada na Argentina.
O secretário disse, no entanto, que qualquer decisão de retaliação a produtos argentinos não será tomada de afogadilho. Barral disse que essa é uma discussão que será feita dentro da Câmara de Comércio Exterior (Camex), composta por sete ministérios. “Qualquer decisão que se refira ao comércio do Mercosul vai para a Camex. É uma decisão de alto nível”, afirmou.
O secretário disse, entretanto, que embora o Brasil tenha interesse no desenvolvimento conjunto e harmônico do comércio com seus parceiros, qualquer parceiro que queira o ao mercado brasileiro deve também garantir o ao seu mercado. Barral disse que, no próximo dia 14, haverá uma reunião bilateral em Brasília para discutir estas questões comerciais. Ele afirmou que o Brasil também defende a obediência às regras internacionais.
As exportações para a Argentina somaram US$ 4,936 bilhões no primeiro semestre de 2009 contra US$ 8,589 bilhões do mesmo período de 2008. Barral disse que 14% das exportações brasileiras estão afetadas por medidas adotadas pelo governo argentino, como licenças não automáticas e antidumping. Ele destacou, no entanto, que parte da queda nas vendas de produtos brasileiros para aquele país também é resultado de uma retração forte de demanda, como no caso de automóveis, produto que não sofre restrições para entrar no país vizinho.
