O presidente do Banco Central, Alexandre Tombini, negou nesta terça-feira, 15, que a crise econômica brasileira seja uma “crise importada”. Em reposta a senadores na Comissão de Assuntos Econômicos (CAE), ele disse que é preciso avaliar a evolução do quadro internacional, mas também as complexidades do Brasil.
“Precisamos colocar de volta essas métricas fiscais numa trajetória de estabilização e depois de declínio”, avaliou. “No quadro econômico, precisamos demonstrar nossas convicções com relação ao tamanho do Estado na economia”, acrescentou.
Tombini voltou a dizer que o BC tem que continuar o trabalho de redução de inflação e fazer com que a alta de preços convirja para meta. O presidente do BC repetiu que a política monetária não busca compensar a sucessão de choques de custos que fizeram a inflação de curto prazo subir, mas sim conter a propagação disso.
Ele respondeu ainda aos senadores que o Banco Central não tem como objetivo estabilizar a relação dívida/PIB, mas sim fazer com que a inflação convirja para a meta. “Ha uma separação entre a função fiscal e a função monetária, e tem que ser assim. A taxa de juro de curto prazo quem deve controlar é o BC, a não ser que se mude o regime”, afirmou.
Tombini negou que a autoridade monetária atue no mercado para controlar o câmbio, que é flutuante. Segundo ele, o objetivo da atuação do BC é a estabilidade financeira. “O câmbio tem flutuado ao longo do tempo, tanto na apreciação como na desvalorização. O que temos feito é criar um colchão para que Brasil não fique à mercê das vicissitudes do mercado internacional.
O presidente do BC reafirmou que o Brasil deve continuar o esforço para desindexar a economia e citou o Chile como um país com nível de desindexação elevado no qual a alta de preços está controlada. “Há muita indexação no setor privado, nos preços istrados, transportes, saúde e aluguéis. Mas outros países com maior indexação têm inflação baixa”, argumentou.
Vazamento
Tombini respondeu ainda ao senador José Serra (PSDB-SP), que fez críticas a alguns membros do Copom, que teriam “vazado” informações ao mercado financeiro sobre suas atuações no colegiado de forma prévia. “Eu aqui hoje já mandei algumas mensagens importantes para o mercado, para os formadores de preços”, argumentou Tombini. “Nossa comunicação não é só por meio da ata ou do Relatório Trimestral de Inflação”, acrescentou.
Ele lembrou que recentemente ficou famosa a frase de um integrante do Federal Reserve que atribuiu a mais de 90% o papel da comunicação de um banco central no processo de condução da política monetária. “Toda vez que houver ideia nova, a orientação, a determinação é ar para todos ao mesmo tempo”, explicou Tombini, citando que há, inclusive, a recomendação de um paper que possa ser publicado ou ado por vários agentes ao mesmo tempo.
EUA
O presidente do Banco Central disse que a depreciação do câmbio em 2015 já prepara para a economia brasileira para uma eventual decisão do Fed em elevar os juros dos Estados Unidos amanhã. “O câmbio é a primeira linha de defesa”, avaliou.
Segundo ele, o BC está avaliando “no detalhe” a repercussão que a decisão do Fed terá nos mercados nesta quarta-feira, 16. “Está no nosso radar”, reforçou. Segundo ele, a comunicação da autoridade monetária dos Estados Unidos será muito importante neste momento, uma vez que o mercado americano não vê um aumento de juros desde 2006.
“O mundo vem de uma crise financeira de grandes proporções, que levou à injeção de muitos estímulos. O início da reversão desses estímulos de liquidez gera impacto de expectativas. Mais do que o cuidado na comunicação das autoridades monetárias, sempre conta nessas horas como os mercados vão reagir”, completou.
Volpon
Tombini também evitou entrar na discussão entre Serra e o diretor de Assuntos Internacionais do BC, Tony Volpon. “Não respondo por ninguém individualmente, respondo pela instituição”, disse.
Sem citar nominalmente Volpon, Serra fez a Tombini uma série de críticas a um diretor da instituição. “Vossa excelência tem um integrante (na diretoria) que sofre de muita tagarelice e exibicionismo”, disse Serra.
Primeiro, o senador botou em xeque a defesa feita em Nova York pelo diretor de se usar as reservas internacionais em relação à dívida líquida como um parâmetro para medir nível de comprometimento do País com a dívida. “O referido diretor é muito falante e pode não ter falado em nome do BC”, ressaltou Serra.
O senador também voltou ao episódio em que, durante evento em São Paulo, Volpon afirmou que se houvesse aumento da inflação, o BC atuaria aumentando juros. “Esse mesmo diretor disse que o BC subiria os juros”, lembrou. A ofensiva de Serra contra o diretor não é nova. Em artigo no jornal Folha de S. Paulo, ele fez uma coluna com o título “Vuvuzela no Copom"M627.409,331.563L512.604,306.07c-44.69-9.925-79.6-46.024-89.196-92.239L398.754,95.11l-24.652,118.721
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