Proibir o financiamento privado de campanhas políticas não é a solução para o fim da corrupção, segundo avalia Delia Ferreira, da Fundação Internacional para Sistemas Eleitorais (Internacional Foundation for Election Systems ? EUA). Ela diz que a proibição só gera incentivo para se esconder a real origem das doações.

"A realidade não pode se esconder atrás de uma norma política", afirmou, nesta quinta-feira, durante a Conferência Internacional sobre Reforma Política e Fortalecimento das Instituições Políticas Brasileiras.

O atual projeto de reforma política que tramita na Câmara inclui o financiamento público para campanhas, tornando ilegais as doações privadas para campanha. Delia disse que, mesmo sendo proibido, o financiamento privado continuará existindo. E os recursos, em vez de serem utilizados para as campanhas políticas, "vão para o enriquecimento dos dirigentes, para a compra de políticos".

Delia ressaltou que, na América Latina, existe uma idéia de que a solução para muitas questões é criar proibições. Mas ela lembrou que não são criados organismos independentes para fazer valer essas restrições. "Qualquer lei que surja deve ser acompanhada de um mecanismo independente de controle", disse.

Ela destacou que criar regras não é suficiente. Para Delia, é necessário haver uma mudança cultural. Ela ressaltou que, na América Latina, há uma perda de confiança nos partidos políticos. Disse também que existe atualmente uma percepção de que a corrupção está no âmbito da política e que a sociedade é honesta.

"Mas os políticos são reflexo da nossa cultura", disse. Segundo Delia, todos devem valorizar a transparência. "É necessário que haja um compromisso real de todos os atores: políticos e sociedade civil", destacou.

Delia lembrou o exemplo de Buenos Aires, que, segundo ela, teve experiência pioneira na proibição do financiamento privado para campanhas. Ela contou que as empresas continuaram a manter doações para os partidos, disfarçando-as, por exemplo, como doações de pessoas físicas.

Cesar Micheo, do Instituto Internacional Republicano (Internacional Republican Institute ? EUA), que também participou da Conferência, defende o financiamento misto de campanha. Cesar não concorda que se proíba o financiamento privado porque, para ele, os partidos têm que ser fortes para ajudarem na formação da democracia. "Como pretendemos que os partidos criem valores políticos se não têm recursos"M627.409,331.563L512.604,306.07c-44.69-9.925-79.6-46.024-89.196-92.239L398.754,95.11l-24.652,118.721 c-9.597,46.215-44.506,82.314-89.197,92.239l-114.805,25.493l114.805,25.494c44.691,9.924,79.601,46.024,89.197,92.238 l24.652,118.722l24.653-118.722c9.597-46.214,44.506-82.314,89.196-92.238L627.409,331.563z"/>