Alvo de pressões exercidas por integrantes do próprio governo, o chamado fogo amigo, que tenta retirá-la do comando do Meio Ambiente, a ministra Marina Silva deixou claro hoje que não se intimida com as negociações que vêm se dando nos bastidores para substituí-la. Deixou transparecer que, se houver o aval do presidente Luiz Inácio Lula da Silva, não há desconforto de aliado algum que possa evitar sua permanência no cargo. Porém, segundo ela, a conversa entre os dois ainda não se deu. "Não existe um vaso que seja firme que não e pelo fogo", declarou Marina, durante cerimônia realizada no Jardim Botânico do Rio
Depois de reconhecer a pressão, lembrou ter conseguido "agregar boas sementes", citando uma vitória obtida no setor elétrico – a exigência de licenciamento ambiental antes da licitação de uma usina hidrelétrica. A área é uma predileção da ministra da Casa Civil, Dilma Rousseff, que vem trabalhando por uma substituição, por considerar que Marina, com o rigor dedicado à questão ambiental, entrava as obras de infra-estrutura
"Fico muito feliz porque, durante esses quatro anos, tive autonomia e apoio do presidente para fazer aquilo que era essencial. Na lei para o setor elétrico, a variável ambiental entrou como prioridade", afirmou, sem fazer referência a Dilma, e observando que o Brasil inaugurou uma fase de planejamento ambiental. Em seguida, acrescentou que ninguém deve "ficar se escalando" para a composição de um governo, e, usando as metáforas preferidas do presidente Lula, afirmou que "o time, quem escala, é o técnico".
Perguntada, mais uma vez, se não fica constrangida com as pressões internas para que deixe a pasta, Marina lembrou que está acostumada a lutar contra as adversidades desde muito pequena. "Eu nunca tive uma vida sem ‘tensionamento’. A minha vida inteira, desde que eu nasci, foi com ‘tensionamento’. O primeiro foi contra a malária, para poder ficar viva. O resto foi uma guerra total em relação a defender aquilo que eu acredito", contou, em referência à causa ambiental.
Marina lembrou ainda que a situação hoje é até mais fácil de ser enfrentada que há 18 anos, quando ela, com 20 e poucos anos, lutava ao lado do ambientalista Chico Mendes – assassinado em 1988, na porta de casa – e de outras pessoas, "homens, crianças e idosos", em defesa das questões ambientais.
