Comunidade envolvida combate fome e desnutrição

Arroz, feijão, carne e salada. Este é o cardápio que 1,5 mil crianças carentes encontram na hora do almoço no bairro Borda do Campo, em São José dos Pinhais. A fome e a desnutrição estão sendo combatidas graças à criação da cozinha comunitária, iniciativa do padre José Aparecido Pinto, da Paróquia Nossa Senhora da Paz. Ele organizou a comunidade e está conseguindo levar o programa adiante com verbas federais. A meta é chegar a cinco mil refeições diárias.

O projeto atende a população de baixa renda do bairro. Muita gente foi morar no local porque ficava próximo a uma das montadoras instaladas na cidade. Mas a oportunidade de emprego não apareceu devido à falta de qualificação. Sem emprego, a fome começou a bater na porta de muita gente. No começo, o padre José oferecia cestas básicas. Mas eram insuficientes para a quantidade de pessoas que procuravam ajuda. “Também não sabíamos como esse alimento era preparado e se as crianças realmente comiam”, conta.

O padre, então, conheceu o projeto de cozinha comunitária em ville e implantou no bairro. São servidos por mês cerca de 800 quilos de feijão, 650 quilos de arroz, 500 quilos de carne, sem contar as verduras e legumes. Tudo é preparado com capricho pelas próprias mães, que fazem um rodízio na cozinha.

Para conseguir sustentar tanta gente, o padre aproveita as verbas do governo federal. Uma delas é do programa Fome Zero e a outra vem do Programa Nacional de Fortalecimento da Agricultura Familiar (Pronaf). As verduras e legumes são compradas de pequenos agricultores. “Todo município pode aproveitar o dinheiro, basta se organizar e ir procurar o que o Estado tem para oferecer”, indica.

Segundo o padre, o melhor de todo o trabalho é ver as crianças com aspecto saudável e feliz. Muitas não comiam verduras, mas agora já aprenderam a gostar. “Também aprendemos com a nutricionista como oferecer a verdura. A cenoura, por exemplo, colocamos junto com o arroz e a beterraba, batemos no liqüidificador e colocamos no feijão”, explica.

Ampliação

A idéia é ampliar o atendimento para cinco mil crianças. Para isso, está sendo construído um centro comunitário que, além de refeitório, terá cursos de capacitação (como informática e inglês) e quadras esportivas. “Vamos tirar as crianças da rua. Num período ficam na escola e no outro aqui. O problema com as drogas é muito sério no bairro”, comenta. O dinheiro para a construção vem das festas e outros trabalhos feitos na comunidade.

Algumas mães que têm os filhos no projeto também estão conseguindo uma renda extra. Graças a um convênio com empresas, nas horas de folga confeccionam tapetes, ganhando até R$ 150 por mês. Simone Cardoso, 21 anos, precisa sustentar quatro crianças. O marido trabalha numa empresa de ônibus e o dinheiro é pouco. “À tarde, eles estão na escola e ajudo a fazer os tapetes”, relata.

Já Roseli Aparecida Marcondes tem toda a responsabilidade de sustentar a casa. O marido é doente e não pode trabalhar. “Com o dinheiro daqui paguei o que devia e comprei mais produtos para vender na minha banquinha”, fala.

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