Na véspera do simulado da prova do Sistema de Avaliação da Educação Básica de 2019, milhares de pais da cidade do Rio receberam o mesmo áudio de WhatsApp. A voz era da própria secretária de Educação, que se identificou como “Talma, secretária de Educação, professora e mãe de aluno de escola pública do município do Rio de Janeiro”. Seguindo um roteiro, ela incentivava os responsáveis a rearem para os filhos uma imagem de encorajamento em relação à prova.
Longe de ser uma “corrente” institucional, o áudio fez parte de um experimento realizado com a NudgeRio, unidade de ciência comportamental vinculada à Secretaria Municipal da Fazenda, e aumentou em mais de 4% a nota dos alunos que o receberam.
Conhecida no setor privado e na academia, a ciência comportamental começa agora a ocupar o terreno da política pública brasileira. As cidades de São Paulo e do Rio já contam com unidades que se dedicam a estudar e a testar como “empurrõezinhos” ou “cutucões” nas escolhas das pessoas podem contribuir para aumentar a eficiência de programas municipais. No governo federal, a abordagem foi utilizada em projetos específicos e ou também a fazer parte do repertório do GNova, laboratório de inovação da Escola Nacional de istração Pública (Enap).
O nudge, um dos instrumentos da ciência comportamental, é definido pelo professor da FGV Bruno Giovannetti como uma maneira de direcionar as decisões das pessoas sem usar proibições, “enganando-as para o bem”. “No supermercado, um exemplo disso é colocar os alimentos menos saudáveis num lugar da prateleira menos visível. Não é que o alimento está proibido, ele só não está logo no olho da pessoa”, afirmou.
Em São Paulo, o uso dessa abordagem teve início na metade de 2018. Vinculado à Secretaria Municipal de Inovação e Tecnologia, o Laboratório de Inovação em Governo, o 011 Lab, concluiu recentemente a primeira avaliação de impacto de um projeto desenvolvido pelo grupo. Foram testadas mudanças na comunicação entre atendentes do Hospital do Servidor e pacientes durante o agendamento de consultas e exames, como um roteiro de ligações com falas específicas. Para criar um vínculo de responsabilidade maior, por exemplo, frases simples – como “o senhor pode ligar pra gente caso não possa comparecer"M627.409,331.563L512.604,306.07c-44.69-9.925-79.6-46.024-89.196-92.239L398.754,95.11l-24.652,118.721
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