A prisão de alguns dos principais executivos da Odebrecht, incluindo o presidente Marcelo Odebrecht, pode colocar em risco a ampliação e até mesmo a reposição da carteira de projetos (backlog) da empresa de engenharia do grupo. Considerada a maior construtora da América Latina, com receita de R$ 33 bilhões no ano ado e carteira superior a R$ 100 bilhões, a Odebrecht Engenharia e Construção (OEC) se destaca pela diversificação geográfica, com mais de 70% de sua carteira provenientes de contratos no fora do Brasil. Mas esse diferencial é colocado à prova com os desdobramentos da Operação Lava Jato.

“Em especial em mercados com grau de maturidade maior sobre reputação de empresa, como o americano e o europeu, em que há preocupação muito grande em relação a isso, haverá um impacto (na de novos contratos) e pode ser inclusive legal, com órgãos governamentais e institutos impedindo a participação das empresas envolvidas na Lava Jato na licitação”, disse o professor de gestão de produtos e marcas do Ibmec/MG Paulo Marcio Bragança de Matos. De acordo com ele, mesmo sem uma decisão de condenação ou penalidade, as empresas envolvidas nas investigações podem já ser discriminadas. “Serão feitas pesquisas sobre se existe um processo em andamento, e isso pode ser um empecilho”, comentou.

A professora de Relações Internacionais da Faculdade Santa Marcelina (FASM), Rita do Val, avaliou que, num primeiro momento, os governos de outros países com contratos ou intenção de acertar projetos com as construtoras envolvidas nas investigações estão cautelosos em seu relacionamento com as empresas, mas o impacto dependerá efetivamente do resultado das investigações. “No curto prazo, há muita expectativa com relação ao que vai acontecer e uma inércia para observar os desdobramentos”, disse.

Após a prisão de Marcelo Odebrecht, a agência de avaliação de risco Standard & Poor’s rebaixou o rating da OEC, justificando a ação pelo “o aumento dos riscos reputacionais da empresa”, apesar de não considerar a prisão do principal executivo do grupo como prejudicial para as operações e atividades diárias da companhia. Em comunicado, a S&P diz que o conglomerado pode estar sujeito a maior escrutínio por parte do financiadores, o que pode prejudicar a reposição da carteira de pedidos da OEC, “dado que a reputação é fundamental para o setor de engenharia e construção”.

Sem citar diretamente a reputação ou a carteira de pedidos, a Moody’s, ao colocar os ratings da Odebrecht em revisão para rebaixamento, após as prisões da última sexta-feira, 19, também comentou que “esses eventos podem afetar negativamente a execução das estratégias de crescimento da empresa no curto prazo”.

Matos lembrou que a reputação de empresas de engenharia e construção é baseada em sua capacidade técnica e na capacidade de gestão dos projetos e avaliou que com a prisão dos principais executivos das companhias, a gestão dos projetos pode ser questionada. “Do ponto de vista técnico, as empresas são reconhecidas, mas se não conseguem gerenciar seu quintal, como garantem a capacidade de gerenciar grandes projetos"M627.409,331.563L512.604,306.07c-44.69-9.925-79.6-46.024-89.196-92.239L398.754,95.11l-24.652,118.721 c-9.597,46.215-44.506,82.314-89.197,92.239l-114.805,25.493l114.805,25.494c44.691,9.924,79.601,46.024,89.197,92.238 l24.652,118.722l24.653-118.722c9.597-46.214,44.506-82.314,89.196-92.238L627.409,331.563z"/>