Preço do gás de cozinha acumula queda de 1,10% no ano, segundo FGV

O preço do gás liquefeito de petróleo (GLP), o gás de cozinha, vem recuando nos últimos meses, apesar de a Petrobras não promover mudanças no valor de venda do produto desde maio de 2004.

Segundo a Fundação Getúlio Vargas (FGV), o combustível acumula, em 2005, queda de 3,83% no atacado. A variação já pode ser sentida pelo consumidor: na última prévia do IGP-M, divulgada, nesta quarta-feira, o GLP teve queda de 1,10% no varejo e a expectativa é que a tendência se mantenha na próxima coleta de dados.

O coordenador de análises econômicas da FGV Salomão Quadros, disse, nesta quinta-feira, não saber o motivo da queda, já que não houve redução do preço do produto nas refinarias.

Mas aponta que o movimento deve ter sido provocado pelas distribuidoras. De fato, segundo o Sindicato Nacional das Empresas Distribuidoras de GLP (Sindigás), as empresas estão sendo obrigadas a dar descontos para os revendedores para driblar a queda no poder aquisitivo da população.

"A competição está cada vez mais acirrada, pois a demanda está em queda e a população está mais pobre", afirma o presidente da entidade, Sérgio Bandeira de Mello.

Segundo dados do Sindigás, a margem média das distribuidoras brasileiras ficou em R$ 6,28 por botijão em junho menor valor desde novembro de 2003. Mello explicou que as empresas têm que reduzir as margens para conseguir encontrar mercado para o gás que compram da Petrobras.

Dados do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) confirmam a tese das distribuidoras: segundo a última pesquisa mensal de emprego feita pelo instituto, a renda do trabalhador brasileiro está em tímida recuperação este ano, mas ainda insuficiente para recompor as perdas acumuladas nos últimos anos. Em junho, a renda média no Brasil foi de R$ 945,80 valor 14% menor do que os R$ 1,1 mil verificados em junho de 2002.

Esse fator é apontado como uma das razões para a queda de demanda do GLP, cujas vendas recuaram 1,7% no primeiro semestre, com destaque negativo para o segmento residencial, que compra o combustível em botijões de 13 quilos. Quando assumiu o governo, o presidente Luiz Inácio Lula da Silva anunciou que a redução do preço do botijão era uma de suas prioridades, mas o projeto não foi adiante.

O governo conseguiu, no máximo, estancar a alta dos preços, que vinham refletindo a disparada do petróleo no mercado internacional, já que a Petrobras deixou de acompanhar o mercado externo e não reajusta desde o início de 2004, quando o petróleo ainda rondava a casa dos US$ 40 por barril.

Atualmente, analistas estimam que a defasagem no preço do GLP seja superior a 20%. O Sindigás, porém, avalia que não há defasagem com relação à paridade de exportação (preço no mercado externo menos o frete), conceito mais adequado ao GLP, já que o Brasil hoje praticamente não importa o produto.

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