Volta dos jogos é amparada por protocolo rigoroso da CBF; dúvida é sair da teoria pra prática

volta dos jogos
Estádios como o Couto Pereira, Arena e Vila Capanema estão preparados para a volta dos jogos. Mas e os estádios menores? Foto: Albari Rosa/Foto Digital

A CBF enfim fechou o protocolo de reinício das atividades, que projeta a volta dos jogos no futebol brasileiro. O material, enviado para clubes e federações, além do Ministério da Saúde, ‘vazou’ no último domingo (7), e prevê uma adoção de medidas rigorosas para que haja o menor risco para jogadores, comissões técnicas e árbitros quando a bola voltar a rolar.

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O protocolo, de quase 40 páginas, é bem abrangente e traz normas pesadas, amparadas pela participação de médicos e especialistas em infectologia. É realmente bem feito, e permite pensar que caso sejam seguidas as medidas, é possível sim pensar na volta dos jogos daqui a um mês ou 45 dias. Mas aí reside o problema: será que as medidas serão seguidas?

Restrições e exigências

O texto faz uma longa explicação do que é o vírus que provoca a covid-19, como é possível identificá-lo e reforça a importância do isolamento social. Quando entra pra valer no protocolo, os processos de volta aos treinamentos são semelhantes aos que seguiram os principais clubes do país, incluindo aí Athletico, Coritiba e Paraná Clube. Alguns detalhes parecem inúteis, como a proibição de treinos em parques ou praias, mas vamos lembrar que isso acontece com mais constância do que imaginamos.

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A lista de exigências para os clubes voltarem aos trabalhos presenciais, fase que Furacão, Coxa, Tricolor e também o Operário seguem por aqui, é bem grande. No protocolo da CBF, existe a recomendação de que os presidentes dos clubes tenham posição ativa no processo, dando e às decisões dos departamentos médicos. A testagem massiva é recomendada, mas não exigida – e está claro no texto que a CBF não vai ajudar com dinheiro, como já escrevi aqui no blog.

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A terceira fase, do retorno dos treinos coletivos, ainda não foi atingida. E só pode ser realizada caso as autoridades de saúde dos estados deem o aval. As restrições aumentam, e mesmo com o grupo reunido só poderá haver fisioterapia individual. Nada de lanches pré e pós-treino, nada de vestiário, nada de resenha, nada de imprensa (vai ter quem goste dessa parte).

A volta dos jogos

A chamada “fase de competições” tem algumas determinações no texto da CBF. Está clara a ordem de jogos com portões fechados – talvez por conta do interesse da federação do Rio de Janeiro em fazer partidas com ‘meia lotação’. Os estádios terão que ter duas enfermarias, uma para atletas e outra para funcionários envolvidos. O teste antidoping terá somente um jogador de cada time, com sorteio feito no dia anterior ou com indicação de atleta.

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Muda-se inclusive o rito de entrada dos times. Nada de todo mundo junto, e sim equipe entrando uma após a outra. Isso também acontece no intervalo e no final dos jogos. Nada de crianças, mascotes e representantes de patrocinadores. Também não poderá haver cumprimentos, troca de flâmulas, troca de camisas, beijo na bola, cuspida no gramado e comemoração de gols em grupo.

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As bolas terão que ser higienizadas pelos gandulas a cada saída de campo, os jogadores terão que assoar o nariz com lenços descartáveis, as viagens de avião terão que ser controladas (com o especial para as delegações), ônibus fretados precisam ar por higienização constante, os hotéis não poderão fornecer serviço de quarto ou mesmo limpeza no período de concentração. E as autoridades de segurança receberão um plano de contingência antes de cada jogo.

O que ficou implícito

Há uma tentativa por parte da CBF de gerar uma uniformização das competições, mesmo com o calendário comprometido. Se as medidas do protocolo forem seguidas à risca, só é possível a volta dos jogos ao mesmo tempo nos estados. Uma falta de unidade nas decisões das federações não só atrapalharão o Campeonato Brasileiro, mas farão com que clubes tenham fases distintas de preparação e, principalmente, de monitoramento.

E a volta dos jogos pros times menores?

Tenho certeza que é possível realizar as séries A e B do Brasileirão de acordo com o protocolo da CBF. Seguindo as medidas, o risco diminui muito, e os 40 principais clubes do País terão condições pra implementá-las. Mas e os campeonatos estaduais e as séries C e D? Como é que vão fazer para que os estádios menores consigam “oferecer condições para o cumprimento das recomendações das autoridades sanitárias”? Ou para que os “espaços destinados às equipes em cada estádio deverão permitir uma circulação segura, obedecendo o distanciamento necessário”?

A volta dos jogos é importante para todos dentro do futebol. Mas em um país de dimensões continentais, com realidades distintas e clubes gigantes e pequenos disputando as mesmas competições, aplicar um protocolo desse grau de detalhamento parece uma ilusão pra maior parte do futebol brasileiro.


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