Os moradores e comerciantes das ruas Doutor Faivre e Comendador Macedo, nos limites entre os bairros Centro e Alto da XV, em Curitiba, convivem com o medo e a insegurança diante dos assaltos que ocorrem na região. Segundo dados da Secretaria de Segurança Pública do Paraná (SESP), somente entre janeiro e abril de 2025 foram registrados 234 furtos no Alto da XV.
O número de ocorrências aumentou mês a mês no Alto da XV: foram 53 casos em janeiro, 53 em fevereiro, 60 em março e 70 em abril. Na média, acontecem quase dois furtos (1,93) por dia. Já no Centro, o volume de assaltos é ainda maior. Em 2025, até abril, foram 2.318 roubos registrados, equivalente a quase 20 por dia. No entanto, a situação não é recente. Desde 2018, a Tribuna acompanha a reclamação de comerciantes sobre assaltos e roubos na região.
A moradora Juliane Quintino foi uma dessas vítimas. Em março de 2024, teve as bicicletas roubadas da garagem. Ela registrou boletim de ocorrência, mas não obteve retorno. Meses depois, seu filho também foi assaltado voltando da escola. “Está muito difícil. Eu não saio a pé por aqui”, lamenta.
Insegurança afeta comércio local
O caso mais recente ocorreu no dia 28 de maio, quando uma funcionária de um comércio foi assaltada e trancada no banheiro da loja. Lucas Luize, que trabalha em um banco nas proximidades, fez o boletim de ocorrência. No dia anterior, ele já havia presenciado outro assalto a uma residência na mesma rua.
Diante da insegurança, comerciantes tentam criar alternativas. Paulo Jesus, dono da loja invadida no fim de maio, conta que, apesar do susto, a funcionária está bem. Na ação, os assaltantes levaram o celular dela e alguns chocolates do mercado.
“Tem sido muito recorrente. Criamos um grupo e estamos planejando organizar uma comunidade com o de olho na vizinhança, instalar alarmes e um botão de pânico”, conta Paulo. O grupo já procurou um laboratório de eletrônica da Universidade Tecnológica do Paraná (UTFPR) para desenvolver um sistema de alarme silencioso e aguarda retorno.
Para Felipe Vaini, dono de uma gráfica na Rua Doutor Faivre, investir em segurança tornou-se obrigatório. Ele conta que a loja sofreu uma tentativa de arrombamento durante a madrugada há um ano. “Logo após, tive que colocar câmeras e alarmes na loja. Diversos outros também já relataram casos semelhantes. É uma região bem complicada”, relata.
Paulo completa que a situação tem prejudicado o comércio local. “As pessoas evitam andar na calçada. O comércio tem prejuízos, menos movimento e, com isso, muitos estabelecimentos estão fechando”, afirma.
O que as autoridades dizem sobre os casos?
Procurada pela Tribuna, a Polícia Militar do Paraná (PMPR) afirmou que realiza ações ostensivas na região com base em dados de análise criminal e denúncias recebidas da população. Leia a nota na íntegra:
“A Polícia Militar do Paraná (PMPR) destaca que atua diuturnamente em ações de policiamento ostensivo com o objetivo de coibir crimes, garantir o cumprimento das leis e manter a ordem pública em todo Estado do Paraná.
Sobre a demanda referente à região do bairro Centro, a PMPR esclarece que tem realizado ações de presença e abordagens policiais, em especial nos períodos de maior fluxo de pessoas nas vias, com o intuito de reforçar o policiamento e coibir o cometimento de crimes, entre eles, os crimes contra o patrimônio.
Destaca-se nesse ponto, que as ações de prevenção são fundamentadas em um planejamento que tem como base os dados provenientes de análises criminais e estatísticas, sendo que essas informações são fornecidas pela comunidade por meio dos canais de Emergência 190, App190 PR e do Boletim de Ocorrência Unificado (BOU), que é integrado às demais forças de segurança.
A PMPR reitera seu compromisso em servir a comunidade paranaense e reforça que é imprescindível a participação da população, utilizando os canais mencionados para reportar qualquer comportamento, situação ou circunstância suspeita, assim como para registrar crimes, o que é essencial para a alocação eficaz das equipes policiais em todo o Paraná.”
Os boletins de ocorrência podem ser registrados presencialmente nas delegacias de polícia ou pela internet, no site da PMPR. Já crimes violentos, como roubos com ameaças ou armas, devem ser registrados na delegacia mais próxima.
