A principal figura política do estado do Paraná, o governador Ratinho Junior (PSD) deixou claro o projeto nacional nos primeiros meses deste ano, com a participação em eventos em outros estados e acenos aos diferentes setores do setor produtivo do país. Mas o presidenciável paranaense também terá que fazer a lição de casa para sucessão ao governo estadual depois de oito anos de mandato, o que se desenha como um grande desafio por conta da ascensão do senador Sergio Moro (União Brasil) na corrida pelo Palácio do Iguaçu.
Enquanto Ratinho Junior costuma usar o microfone no palco para destacar o crescimento da quarta economia entre os estados brasileiros, alavancada pela força do agronegócio e pela atração de indústrias, nos bastidores, ele assume o papel de presidente estadual do PSD e movimenta as peças na articulação pela continuidade do partido na cadeira do Executivo paranaense.
Em 2024, a participação do governador na campanha de Eduardo Pimentel (PSD), ex-secretário estadual de Cidades, foi fundamental para eleição do vice-prefeito que assumiu o comando da capital Curitiba em uma chapa costurada por Ratinho Junior com o aval do ex-presidente Jair Bolsonaro (PL).
A sucessão na pasta é estratégica para projeção de um nome entre os municípios paranaenses com o robusto orçamento da Secretaria das Cidades. Depois do ex-prefeito de Curitiba Rafael Greca (PSD) reivindicar a cadeira de olho em 2026, o governador escolheu o aliado Guto Silva (PSD), o que para os interlocutores do partido ouvidos pela Gazeta do Povo indica a preferência de Ratinho Junior pelo deputado estadual licenciado, antigo parceiro político que estava na Secretaria do Planejamento.
Guto Silva, Greca e Curi: as opções do PSD para sucessão de Ratinho Junior
A reforma do secretariado da gestão Ratinho Junior no primeiro trimestre de 2025 dá o tom do rumo que o PSD pode tomar na corrida eleitoral pelo governo do estado em 2026. Em março, Greca chegou a declarar que poderia concorrer ao Palácio do Iguaçu, independente do apoio do governador, mas acabou recuando e aceitou o comando da Secretaria do Desenvolvimento Sustentável.
No prédio ao lado no Centro Cívico, o novo presidente da Assembleia Legislativa do Paraná (Alep), Alexandre Curi (PSD), assumiu a Casa no início deste ano e entrou no páreo entre os pré-candidatos de Ratinho Junior nas “prévias” do partido no estado. Em fevereiro, após assumir o comando do Poder Legislativo, ele disse em entrevista à Gazeta do Povo que a gestão na Alep pode prepará-lo para a disputa de um “cargo maior” em 2026.
Além de assumir a Secretaria de Cidades – pasta que colocou Pimentel na vitrine política paranaense antes da vitória nas urnas no ano ado – Guto Silva se tornou uma presença constante nos eventos ao lado de Ratinho Junior. Na semana ada, ele acompanhou o governador na viagem a Paris, onde o Paraná assinou o acordo com o Centro Pompidou para primeira sede do museu francês nas Américas. Antes do embarque, Silva, Curi e Pimentel fizeram parte da comitiva paranaense ao lado de Ratinho Junior no evento de filiação ao PSD do ex-governador do Espírito Santo Paulo Hartung, realizado em São Paulo.
Os nomes do secretário estadual de Saúde, Beto Preto, e do vice-governador paranaense Darci Piana também foram cotados pelo PSD, mas de acordo com um parlamentar da sigla, a disputa interna está afunilada entre Guto Silva, Greca e Curi. O principal empecilho para a candidatura de Piana é a idade. Considerado por integrantes do partido como “sucessor natural” de Ratinho Junior, o vice-governador disputaria o pleito de 2026 com 84 anos.
Além da escolha do nome para encabeçar a chapa ao governo do estado, a liderança do PSD paranaense ainda deve definir as vagas de vice e do candidato ao Senado, que será indicado por Ratinho Junior e terá o apoio de Bolsonaro, como parte do acordo com o PL, costurado no ano ado para a formação de chapas nas eleições para as principais prefeituras do estado. O ex-presidente e Ratinho Junior vão apoiar o deputado federal Filipe Barros (PL) e o nome indicado pelo governador para as duas vagas ao Senado.
Moro como favorito? Se depender das pesquisas…
Apesar da alta aprovação da gestão Ratinho Junior, que faz do governador um cabo-eleitoral de peso com apoio de mais de 70% do eleitorado paranaense, quem desponta nas pesquisas de intenção de votos para o Palácio do Iguaçu é o senador Sergio Moro.
Na semana ada, o levantamento do instituto Paraná Pesquisas mostra a liderança de Moro em todos os cenários estimulados com o nome do senador no primeiro turno entre 39,5% e 43,9% das intenções de voto. Ele também vence Curi, Guto e Greca com 58,1%, 63,8% e 54,3%, respectivamente.
Em entrevista à Jovem Pan, o senador afirmou que deve definir se será candidato até o final do ano e considera cedo para se colocar como um dos concorrentes ao cargo de chefe do Executivo. Ele avaliou que a federação entre União Brasil e Progressistas é um “grande ajuntamento de direita e centro-direita” e que será muito importante nas eleições do próximo ano.
“Não tenho dificuldade para dialogar. Tem muita gente boa no União Brasil e no PP e ainda que exista alguns interesses diferenciados é natural que aconteça uma acomodação. Não existe nenhum problema internamente”, respondeu ao ser questionado sobre a articulação política com o PP do Paraná, que tem a ex-governadora Cida Borghetti como pré-candidata.
A Gazeta do Povo confirmou que Moro e a presidente estadual do PP, a deputada Maria Victória, se encontraram pela primeira vez para discutir o comando da nova federação no Paraná. A parlamentar paranaense é filha da ex-governadora e do deputado federal Ricardo Barros, uma das principais lideranças do Progressista no país.
Dentro do próprio partido, Moro é um crítico da liderança estadual do União Brasil, comandado no Paraná pelo deputado Felipe Francischini, após disputas internas que vieram à tona durante as eleições de 2024.
A expectativa é que a nova federação possa articular uma chapa com os representantes das duas siglas, no entanto, sequer a aproximação de Ratinho Junior do União Progressista no Paraná é descartada nos bastidores, caso o governador não consiga fazer decolar a candidatura do sucessor pelo PSD.
Metodologia da pesquisa citada: 1.550 entrevistados pelo Paraná Pesquisas, em 58 municípios do Paraná, entre os dias 17 e 21 de maio de 2025. Nível de confiança: 95%. Margem de erro: 2,5 pontos percentuais.
E a esquerda, como fica na corrida eleitoral?
Durante participação no programa Café com a Gazeta do Povo, o deputado estadual Requião Filho confirmou que é pré-candidato ao governo do Paraná após deixar o PT para se filiar ao PDT. O parlamentar é filho do ex-governador do estado Roberto Requião.
Ele disse que deixou o PT pela “falta de coerência entre discurso e prática” e também criticou o governador Ratinho Junior pelo novo programa de concessão de rodovias e pelo processo de privatização da Copel.
“Daqui a pouco quem assumir vai ter um problema com a Previdência no estado, com um cálculo muito perigoso, vai ter que recuperar a estrutura na educação e na saúde. Temos um DER [Departamento de Estradas e Rodagem] que não dá manutenção nas estradas com equipamentos sucateados. Estamos sempre alugando e terceirizando”, declarou.
Outro nome cotado como pré-candidato em oposição ao governo Ratinho Junior é do diretor-geral da itaipu Binacional, o petista Enio Verri, aliado de Lula que se licenciou do cargo de deputado no Congresso Nacional para assumir o comando da usina no início de 2023.
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