Entrevista exclusiva

Barão Vermelho conta como ressuscitou letra inédita de Cazuza

Foto: Leo Aversa / divulgação.

O Barão Vermelho, umas das bandas mais gigantes do rock nacional, apresenta seu novo show “Do Tamanho da Vida”, título da música inédita do Cazuza e Barão Vermelho. A nova turnê, que foi lançada com a nova canção durante o Rock in Rio 2024, chega a Curitiba nesta sexta-feira (16), em única apresentação no Guaírão.

No setlist, os fãs podem aguardar os grandes sucessos da banda como “Bete Balanço”, “Exagerado”, “Maior Abandonado”, “O Tempo Não Para” e “Pro Dia Nascer Feliz”.

Para entender melhor sobre como foi o processo da música inédita e da nova fase do Barão Vermelho, a reportagem da Tribuna do Paraná entrevistou a banda. Confira como foi o bate-papo exclusivo a seguir:

Vocês estão trazendo a turnê “Do Tamanho da Vida” para o palco do Teatro Guaíra, um dos mais emblemáticos de Curitiba. O que o público curitibano pode esperar desse novo show e como tem sido essa recepção nas primeiras apresentações?

Maurício Barros – A estreia dessa turnê foi no Rock in Rio no ano ado, desde então, estamos ando por capitais e cidades do país e a receptividade tem sido maravilhosa.

E tocar no Teatro Guaíra é uma honra pra qualquer artista e vamos fazer um show com todos os sucessos , alguns blues, baladas que não podem faltar nos show do Barão.

A música inédita “Do Tamanho da Vida”, feita a partir de uma letra do próprio Cazuza, emocionou muita gente e venceu o Prêmio Multishow de melhor rock. Como foi o processo de resgatar essa letra e transformá-la num hino dessa nova fase do Barão?

Guto Goff – Essa música “Do tamanho da vida” é muito especial. Nós entramos em contato com a Lucinha, para sabermos se haveria alguma letra dele, que tenha ficado inédita e tal, e ela nos chamou lá na sociedade Viva Cazuza e apresentou umas 20 letras para a gente. Nós acabamos, optando, escolhendo essa. Essa letra dessa música, ela é um poema que tinha muito mais coisas do que acabamos utilizando na letra da música. O poema original se chama “As moças do Centro”. E esse garimpo que nós fizemos no poema, para extrair a letra do que seria a música composta “Do tamanho da Vida”, a gente tentou pegar frases de uma estrofe e juntou com outra. A gente teve a liberdade para brincar com aquelas frases, frases maravilhosas.

Eu achei que a gente conseguiu também, dentro dessa imagem poética da letra, não deixar explícito isso, das “Moças do Centro”, as moças da noite ganhando a vida ali na esquina. Por isso que é “de segunda a domingo, trabalhamos amigo”. “Servimos de abrigo, inventamos luz”. Tinha essa frase, “para nós tanto faz, o tamanho da vida”. E aí a gente pegou numa troca de olhares “Do tamanho da Vida”. Essa frase não tinha na letra, tinha “para nós tanto faz o tamanho da vida”. Como a gente ia repetir essa mesma frase, a gente resolveu colocar essa letra D, que também dá o sentido mais amplo, porque a gente fica imaginando o que que é do tamanho da vida? A gente pensa numa coisa gigantesca. E quando a gente foi fazer a capinha das plataformas digitais, pensando muito, quebrando a cabeça, eu tive um insight, do tamanho da vida, a inseminação do espermatozoide no óvulo é do tamanho da vida, porque é dali que sai a vida.

O Barão tem essa leitura, macro e micro, das coisas. Tudo isso, essas coisas pequenas que embalam a nossa arte, são senhas de o a esse universo poético do Barão que começou com Cazuza – onde foi jogada essa semente. A banda hoje está há 40 anos ainda viva, presente e compondo. O Cazuza já morreu há 35 anos, mas essa semente que ele deixou no grupo, da poesia, do jeito diferente de fazer letra e música, a gente conseguiu manter. Compondo depois, até em parcerias em que ele não estava, mas de certa forma ele estava também ali dentro, porque ele foi inspirador da poesia, desse rock em português em que o Barão conseguiu imprimir tão forte na década de 1980.

Rodrigo Suricato já está há oito anos nos vocais, mas muita gente ainda chama isso de “nova fase” do Barão. Como vocês veem essa renovação dentro da banda e como equilibram o legado com a vontade de criar coisas novas?

Fernando Magalhães – O Rodrigo Suricato já está há oito anos, mais tempo do que o Cazuza esteve na banda, e ele está imprimindo uma característica bacana dele, as influências dele. Eu acho que o Barão é uma banda que não perde o DNA dela, desde o começo, desde 1981. O Barão tem um DNA que foi criado ali, ou por toda fase do Cazuza, ou pela fase do Frejat, e agora tá na fase do Suricato. Claro que, cada um com a sua personalidade, mas o DNA Barão é sempre o mesmo. É isso que dá esse equilíbrio na banda, e isso é muito interessante. Isso não quer dizer que ele seja um imitador do Cazuza, ou do Frejat, não. Ele canta do jeito dele, ele toca guitarra do jeito dele, ele compõe do jeito dele, e isso se encaixa nessa atmosfera que é o Barão Vermelho.

No palco e nas entrevistas, vocês têm abordado temas como o etarismo e o tempo, com muita lucidez e atitude. Que mensagem vocês querem ar com isso, especialmente para as novas gerações que estão conhecendo o Barão agora?

Maurício Barros – A agem do tempo, para uma banda que está na estrada há décadas, fica muito clara. Seja nas letras do repertório ou simplesmente pela carga emotiva de uma canção que faz parte da trilha sonora da vida de alguém, sempre vimos tudo com um olhar crítico e afetuoso pela vida. Procuramos expressar nossas vivências nas imagens do telão também. Afinal , o tempo não para!

Fernando Magalhães – Como diz o baterista do Barão Vermelho, Guto Goff, o Barão é uma banda que se cansa de si mesmo antes do público. Então assim, a gente está sempre se cutucando, e com vontade de fazer coisas novas, de não ficar numa certa mesmice. A gente não vive de ado, a gente preserva o nosso ado, engrandece o nosso ado com muito carinho e orgulho, mas não ficamos presos nele. Estamos sempre olhando para frente. Barão é uma banda para frente, de fazer coisas novas, com sonoridade nova, mas sempre respeitando o DNA e a atmosfera do Barão Vermelho.

Serviço:

Show “Barão Vermelho – Do Tamanho da Vida” no Guairão

Data: 16 de maio de 2025

Horário: Abertura da entrada às 20h e início do show às 21h

Local: Teatro Guaíra (Rua Conselheiro Laurindo 175 Curitiba/ PR)

Classificação etária: 16 anos. Menores acompanhados de responsáveis legais.

Realização: Dumas Produções e LF+C Produções Artísticas

Ingressos: A partir de R$ 140 a meia-entrada e R$ 280 a inteira + taxa istrativa da DiskIngressos.

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