Nos últimos anos há um aumento no número de mulheres que buscam retirar próteses dos seios, em uma cirurgia chamada explante mamário. Além do desejo de se sentirem melhor ao eliminar a sensação de carregar um corpo estranho, pesam ainda questões estéticas e de saúde.

Entre as famosas, celebridades nacionais e internacionais como a ex-Spice Girls Victoria Beckham, a atriz Scarlett Johansson, a atriz Dany Bananinha, a ex-BBB Amanda Djehdian, a designer Monica Benini – mulher do cantor Junior Lima – e a youtuber Evelin Regly, estão entre as que já fizeram o explante.

O período entre 10 e 15 anos com o implante costuma ser o mais crítico desse convívio. É nesta hora que aparecem reações cicatriciais relevantes, que criam uma cápsula ao redor da prótese (contratura capsular), um tecido fibroso que, quando muito fortalecido, muda a consistência da mama (mais dura), altera o formato (ao comprimir a prótese, deformando-a) e faz surgirem dores de difícil tratamento, sendo recomendada a retirada dos implantes, como explica o médico cirurgião plástico Guataçara Schenfelder Salles Junior, professor do curso de Medicina da Pontifícia Universidade Católica do Paraná (PUR).

Além da contratura capsular, com os anos aumenta o risco de essa prótese se romper – outro indicativo para retirada – e que não se relaciona ao tempo de uso, podendo ou ocorrer antes, com 5 ou 10 anos, ou não ocorrer, mesmo após 20 anos de uso. “Tendo próteses integras e com aspecto natural, sem contratura alguma, elas podem ser usadas por tempo indeterminado. Se antigamente se falava em um prazo de validade de 10 anos, hoje há próteses modernas, de longa data, sem esse vencimento”, diz o médico mastologista Cleverton Cesar Spautz, do Hospital Santa Cruz.

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Ele diz que além da contratura e do rompimento, há uma associação da prótese texturizada com um tipo raro de câncer (linfoma anaplásico), feita em publicações científicas nos últimos anos, que contribui para esse movimento pelo explante. “Essa notícia causou medo e atenção, porém mesmo descrito como um risco presente em grande parte das marcas de prótese, esse câncer é extremamente raro, motivo pelo qual nem a comunidade europeia, nem a FDA, nos Estados Unidos, tenham proibido seu uso”.

Como é feita a cirurgia

O explante mamário é uma cirurgia como outra qualquer, realizada com anestesia e na qual se retira a prótese e a cápsula e se reconstrói as mamas. O recomendado, segundo os especialistas, é que o procedimento seja feito por um cirurgião plástico.

Normalmente é usada a mesma cicatriz da cirurgia de inclusão do implante. A cirurgia pode ter porte menor ou maior, a depender se as sequelas cicatriciais inflamatórias são mais leves (em pacientes com menos tempo de implante) ou mais importantes e graves. Nestes casos pode ser preciso remover por completo a cápsula (capsulotomia). “Um procedimento menor pode exigir apenas anestesia local, mas o que envolve ou a cápsula, ou a musculatura peitoral, pode necessitar ou de bloqueios da medula espinhal, ou de anestesia geral. O tempo da cirurgia varia de 45 minutos a até 5 horas”, diz Salles Junior.

“O modo como é refeito o volume e a forma da mama varia: em quem tem tecido mamário suficiente é usada a técnica de mamoplastia; para pouco tecido, para evitar que a pele fique muito flácida, são usados outros métodos, sendo mais comum a lipoenxertia, uma pequena lipoaspiração em que o tecido é centrifugado e injetado para reconstruir o espaço que surge após a retirada da prótese”, diz Spautz.

Todos os sintomas somem depois?

Quando os sintomas se referem a problemas infecciosos e de contratura capsular, eles são resolvidos com o explante da prótese. Porém, segundo Salles Junior, não ter ado por diagnóstico apropriado da causa dessas manifestações pode fazercom que muitas vezes pacientes avaliem a cirurgia como malsucedida. “Sintomas inespecíficos precisam de diagnóstico correto para que seja estabelecida a relação de causa/efeito com a prótese, só assim se podendo concluir a efetividade real do explante”, diz ele.

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